Karatê permite uso de véu por mulheres
Lutadoras de países muçulmanos podem usar hijab especial em competições profissionais ao redor do mundo a partir deste ano.
A proibição do hijab - vestimenta que cobre todo o corpo, deixando apenas o
rosto à mostra - em torneios esportivos deu origem a um
dos capítulos mais controversos dos Jogos Olímpicos de Londres. Sob pressão
do Comitê Olímpico Internacional (COI), a delegação saudita só permitiu a
entrada da judoca Wodjan Shaherkani no tatame depois que a Federação
Internacional de Judô (FIJ) autorizou a lutadora de 16 anos a utilizar um véu
modificado para competir. A polêmica, que se repete em outras modalidades,
acaba de ganhar uma solução definitiva no caratê.
Após dois anos de discussões, a Federação Internacional de Caratê (WKF)
decidiu permitir o uso do hijab por mulheres muçulmanas em torneios
profissionais. A nova regra entrou em vigor no dia 1º de janeiro e se refere a
um modelo específico da vestimenta, adaptado para competições esportivas. O véu
cobre a cabeça e a parte de trás do pescoço, deixando apenas o rosto da
carateca à mostra. O acessório deve ser na cor preta e precisa exibir o
logotipo da WKF na frente. Segundo a federação, a peça não representa riscos à
segurança das atletas.
- Com essa decisão, expressamos nossa vontade de estender o acesso ao
esporte para todas as pessoas, independente de questões relacionadas a
religião, política ou cultura. Com o respaldo dos milhões de atletas que
representamos em todo o mundo, estamos dando um passo histórico rumo à inclusão
das mulheres no esporte e, a partir de agora, conseguimos destacar ainda mais o
poder de integração do caratê na sociedade atual - disse o espanhol Antonio
Espinos, presidente da WKF.
A decisão da entidade foi interpretada por alguns especialistas como uma
estratégia para reforçar a campanha de inclusão do caratê no programa olímpico
dos Jogos de 2020. Em Londres, o COI pressionou as delegações de Arábia
Saudita, Qatar e Brunei para acabar com a proibição de mulheres em suas
respectivas equipes. O anúncio dos esportes que farão parte do evento em 2020
será feito em Buenos
Aires , em setembro deste ano. Beisebol, squash e softbol são
alguns dos candidatos.
No ano passado, a Fifa aprovou o uso
do véu islâmico pelas jogadoras de futebol, após uma reivindicação feita
por federações de países muçulmanos. A medida também foi tomada sob o argumento
de que restrições religiosas não devem impedir a prática do esporte por
mulheres. A decisão, no entanto, foi recebida com protestos por associações
feministas em vários países do mundo.
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