sábado, 26 de janeiro de 2013

De olho nos Jogos de 2020

Karatê permite uso de véu por mulheres

Lutadoras de países muçulmanos podem usar hijab especial em competições profissionais ao redor do mundo a partir deste ano.

Caratecas do Irã usam hijab durante treino
(Foto: Reprodução / Raihaneh)

A proibição do hijab - vestimenta que cobre todo o corpo, deixando apenas o rosto à mostra - em torneios esportivos deu origem a um dos capítulos mais controversos dos Jogos Olímpicos de Londres. Sob pressão do Comitê Olímpico Internacional (COI), a delegação saudita só permitiu a entrada da judoca Wodjan Shaherkani no tatame depois que a Federação Internacional de Judô (FIJ) autorizou a lutadora de 16 anos a utilizar um véu modificado para competir. A polêmica, que se repete em outras modalidades, acaba de ganhar uma solução definitiva no caratê.


Após dois anos de discussões, a Federação Internacional de Caratê (WKF) decidiu permitir o uso do hijab por mulheres muçulmanas em torneios profissionais. A nova regra entrou em vigor no dia 1º de janeiro e se refere a um modelo específico da vestimenta, adaptado para competições esportivas. O véu cobre a cabeça e a parte de trás do pescoço, deixando apenas o rosto da carateca à mostra. O acessório deve ser na cor preta e precisa exibir o logotipo da WKF na frente. Segundo a federação, a peça não representa riscos à segurança das atletas.

- Com essa decisão, expressamos nossa vontade de estender o acesso ao esporte para todas as pessoas, independente de questões relacionadas a religião, política ou cultura. Com o respaldo dos milhões de atletas que representamos em todo o mundo, estamos dando um passo histórico rumo à inclusão das mulheres no esporte e, a partir de agora, conseguimos destacar ainda mais o poder de integração do caratê na sociedade atual - disse o espanhol Antonio Espinos, presidente da WKF.

Em Londres, a judoca Wodjan Shahrkhani só lutou após receber autorização para usar véu (Foto: AFP)

A decisão da entidade foi interpretada por alguns especialistas como uma estratégia para reforçar a campanha de inclusão do caratê no programa olímpico dos Jogos de 2020. Em Londres, o COI pressionou as delegações de Arábia Saudita, Qatar e Brunei para acabar com a proibição de mulheres em suas respectivas equipes. O anúncio dos esportes que farão parte do evento em 2020 será feito em Buenos Aires, em setembro deste ano. Beisebol, squash e softbol são alguns dos candidatos.
No ano passado, a Fifa aprovou o uso do véu islâmico pelas jogadoras de futebol, após uma reivindicação feita por federações de países muçulmanos. A medida também foi tomada sob o argumento de que restrições religiosas não devem impedir a prática do esporte por mulheres. A decisão, no entanto, foi recebida com protestos por associações feministas em vários países do mundo.

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